Choros, noites mal dormidas, mas felicidades diárias também. Alguns dias depois do parto, fiz a defesa da minha dissertação da pós-graduação, uma loucura. Um mês depois a pandemia chegou ao Rio de Janeiro. Eu estava no fim do meu resguardo. Já tinha tudo planejado. Enfim eu iria sair daquele isolamento que é caracterizado pela bipolaridade de ser bom mas cansativo, do período de adaptação da V. (e nosso também) e receber amigos e família em casa para conhecê-la.

              Meu marido entrou em férias pra cuidar da V. junto comigo. E assim emendamos uma quarentena na outra. O tempo foi passando e tive que criar mecanismos de escape para não pirar dentro de casa. Voltei a escrever entre uma mamada e outra e comecei a filtrar o que chegava até mim pra não adoecer psicologicamente. Meu marido cuidava da V. quando estava em home office e por ter um horário mais flexível no trabalho e eu conseguia fazer as coisas dentro de casa. Essa realidade mudou um pouco quando ele voltou a trabalhar fora. Nem sempre dá pra ir ao banheiro sozinha, os banhos são de chuveiro mesmo, que além de terapêutico, é rápido.

              Dentro dessa pandemia, V. tem sido a nossa variável no puerpério: é um sol que se toma no quintal ou idas a pediatra. Ela tem passado por saltos de desenvolvimento, picos de crescimento. Esses momentos, além de cansativos, exigem muito de nós e pra isso, temos que estar bem. Tenho uma rede de apoio virtual de mães que me salva quando estou com dúvidas: ali trocamos experiências e desabafamos. Ser mãe é maravilhoso, bonito, mas muito solitário também”.

                E. S. (abreviações de nomes fictícios).

          Sobre o relato acho importante destacar a solidão que a mulher sente de fato nesse período e da importância da psicoterapia para cuidar e prevenir possíveis adoecimentos.

            Filtrar as informações para não aumentar o nível de ansiedade e estresse e mesmo que seja entre uma mamada e outra fazer algo que te dê prazer mas com foco em você.

               Fazer parte de um grupo virtual de mães, onde há troca de experiência e desabafo pode ajudar bastante o processo.

               E você tem se cuidado como durante esse período?

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Aline Biano
Psicóloga Clínica & Perinatal                                                                                                                                                                        CRP 06/157205

(imagem cedida por quem à pertence)