O puerpério do pai

24/01/2021

Paternidade

TAGS paternidade, pós-parto, psicologia perinatal, puerpério

Não se trata de um comparativo,

é apenas a voz de quem está do outro lado.

      Hoje foi o dia do parto. A gravidez já é passado.

     Puerpério, colostro, mastite, mecônio fazem parte do meu vocabulário. A vida se transformou e toda atenção precisa ser dada a mãe e ao bebê.

     Com os dias vem a 1ª semana e a loucura da nova rotina o cansaço das noites mal dormidas. Casa para tocar, bebê para ninar. O começo de uma transformação profunda. A da minha mulher começou há 9 meses mas a minha parece que veio com tudo agora.

     Na frase “sua ficha vai cair quando você pegar seu bebê no colo pela 1ª vez”, o sujeito sou eu. Mas isso não explica tantas mudanças.

     Nós, pais, não temos as intensas transformações hormonais das mães, mas temos uma explosão de novos sentimentos, mudança de vida num curto período de tempo e a “obrigação” de estar bem o tempo todo, afinal somos os guardiões protetores não é?

    Mas a realidade não é bem assim. A solidão também mora no “puerpério do pai”. E muitas vezes não é pela falta de pessoas amadas por perto.

    O sentimento se dá porque a partir daquele momento parece que sua mulher passa a ser só mãe, sua mãe só avó, seus irmãos, só tios e você só pai.

     A mãe naturalmente consegue se conectar com o filho. E eu sinto que por mais que eu me esforce e faça tudo, sou apenas um ajudante fazendo as coisas do jeito que a minha mulher deseja. Por isso, às vezes nos desentendemos.

     E assim vamos seguindo.

     Eu tentando cavar o meu lugar e assimilar meu novo papel, e ela abrindo espaço aos pouquinhos.
     Ela nascendo como mãe, eu como pai.

Texto: @papaiemdobro

🌻

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Aline Biano
Psicóloga Clínica & Perinatal                                                                                                                                                                        CRP 06/157205

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