Luto neonatal

29/09/2020

Maternidade

TAGS luto perinatal, psicologia perinatal

"Vivi uma gravidez

totalmente planejada, desejada e esperada não só por mim,

     Mas pelo meu parceiro e por toda a minha família.

   Foi uma gravidez tranquila, sem complicações, nem mesmo enjoos ou falta disposição foram coisas que fizeram parte desse momento.
 
     Desejei ter um parto normal e então por mim mesma busquei informações e fiz de tudo ioga, pilates…
 
     Foi uma gravidez de fato plena e muito feliz!
 
     Com 41 semanas entrei em trabalho de parto.
 
   Foi incrível, foi maravilhoso, nunca me senti tão mulher, vivi a plenitude do amor, da maternidade, da criação naquele momento.
 
     O último momento de amor e vida intensa na qual eu vivi com ela foi o momento do parto.
 
     Minha bebê nasceu na madrugada de sexta para sábado, de parto normal, saudável e bem para mim…
 
    Logo o obstetra a levou, mas não senti que fosse nada demais, mas pouco tempo depois o médico me disse que se o pulmão dela não funcionasse ela entraria em óbito.
 
     Apesar de não conseguir compreender o motivo, naquele momento eu senti que eu perderia minha filha… E então eu fiquei com ela…
 
    Quando deu 24h que ela nasceu ela veio a falecer…
 
    Fizemos uma cerimônia de despedida para ela no dia seguinte.
 
    E então desencadeou em mim várias sensações, várias dores surgiram após a sua partida.
 
    Como a dor de se sentir apontada por uma gravidez fracassada, como uma mãe que não deu conta do parto normal, como uma mãe que não concretizou o sonho do marido de ter um filho.
 
    Eu sentia todos os olhares me julgando ao invés de me ampararem, me acolherem.
 
    Voltar para casa e sentir o meu ninho vazio foi uma dor muito grande, mais foi uma dor que eu sabia lhe dar.
 
    Aos poucos eu fui desmontando o quarto e coisinhas dela, finalizei esse ciclo.
 
    Mas ouvir das pessoas “Deus sabe o que faz” e “Logo você vai engravidar de novo” era o que mais me doía.
 
    Eu não queria ser compensada, eu só queria ser acolhida, abraçada.
 
   Então eu me fechei, eu me isolei, eu chorei por diversas noites, eu me permiti viver o luto da minha filha com toda a intensidade que eu vivi a vida e o amor na gravidez e no parto.”
 
    Relato escrito por mim, baseado na fala de mulheres que viveram o luto neonatal.

🌻

___________________
Aline Biano
Psicóloga Clínica & Perinatal                                                                                                                                                                        CRP 06/157205

(imagem retirada do google, caso não autorize o uso me comunique para removê-la ou dar os devidos créditos) 

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